NET ZERO ENERGY BUILDINGS: o futuro da construção
Neste artigo, explorar-se-á a hipótese de ter em consideração as próximas dez gerações e não só a mais próxima dos tempos de hoje. Isto é, servirá para se entender melhor o que é o tema da Arquitetura Sustentável, mais em concreto os “Net Zero Energy Buildings” (nZEB). Desta forma, tomar-se-á enquanto vertente iluminadora dum caminho onde novas práticas serão (re)valorizadas e (re)adaptadas às necessidades da sociedade do século XXI.
Toma-se como garantido de que para se projetar no ou o futuro, tem de se conhecer o passado, senão repetir-se-ão soluções ou linhas de pensamento já efetuadas. Na década de 1980, surge a Arquitetura Bioclimática, cuja intenção é realizar e exercer o equilíbrio entre a eficiência energética e o conforto térmico. Em 1987, é assumida a primeira definição do conceito “Sustentável” no Relatório de Brundtland. Foi então, a partir daí que foram assentes metas e mecanismos para um desafio global de mitigação das alterações climáticas causadas pela atividade humana.
Simplificando, consegue-se dividir em três ecologias a questão do desenvolvimento sustentável: a socialmente justa, a economicamente viável e a ambientalmente correta. Ou seja, o objetivo principal é encontrar um equilíbrio entre estas três vertentes, canalizando através da redução da irreversibilidade da problemática ambiental, do uso consciente dos recursos naturais e da resposta às necessidades de um processo construtivo sustentável.
O setor da construção implica a movimentação, transformação, transporte, aplicação, demolição e reciclagem de recursos, por isso, é crucial pensar e atuar de forma holística, sem dividir ou parcializar o que é proposto para uma edificação. Então, para a Arquitetura Contemporânea, o caminho mais aconselhado é o da Sustentabilidade enquanto primeira predileção. Posto isto, é assente que quanto mais sustentável ou amiga do meio ambiente for uma edificação, mais ela é responsável pelos seus consumos, pelo que gera, processa e descarta.
As edificações “Net Zero Energy Buildings” (nZEB) ou Edifícios de Energia Zero (EEZ) são, fundamentalmente, edificações com um alto desempenho energético, assim como cumprem com as condições delineadas pela “EU Energy Performance of Buildings Directive”. Aprofundando, são um tipo de edifícios que produzem energia (quando as condições são adequadas), e utiliza essa energia da rede pública fornecida durante o resto do tempo. Para que edifícios sejam categorizados de nZEB, precisam de corresponder com certos requisitos, ao reportar relatórios sobre: o desempenho energético do edifício; a quantidade de energia (primária e pública) fornecida ao edifício; a quantidade de energia exportada; o coeficiente de emissões de CO2 e/ou outros gases de efeito de estufa; e por fim, onde a energia primária é usada e produzida, dentro dos limites do edifício (tanto interior como exterior).
Este conceito fez nascer interesse na área da Arquitetura Sustentável, e conceberam-se termos como: “Passive Houses”, “Green Buildings”, “Solar Houses”, “Sustainable Buildings”, entre outros. Basicamente, estes conceitos funcionam todos a partir da mesma base: auxiliar a mitigação da pegada humana na Terra. Contudo, a globalização deste padrão de edificações, irá sempre depender do projeto e local. Por exemplo, uma casa na Escandinávia terá de ser planeada de maneira diferente que uma casa no Mediterrâneo.
Numa perspetiva económica, este padrão de edificações apresenta um rácio de benefício-custo aliciante, quer no combate às alterações climáticas, quer na sua volatilidade, pois não precisa de um tipo de edifício em específico para ser aplicável. Traduzindo, é quando são revelados os custos gerais de baixa energia, o potencial uso de energias renováveis, a redução de emissões de CO2, e no conforto ambiental na relação custo-eficiência para os futuros usuários, que as exigências deste tipo de construção remontam:
- Na proteção da Natureza, como a mais alta prioridade;
- Na redução e reutilização do consumo de recursos;
- Na eliminação, separação e privação de produtos tóxicos;
- Na aplicação e estudo do custo do ciclo de vida dos materiais e do produto final;
- No foco na qualidade e não na quantidade;
- Na otimização da insolação térmica;
- Em caixilharia de isolamento térmico com vidros duplos;
- Na construção de pontes térmicas estratégicas;
- Numa ventilação com recuperação de calor;
- Em coberturas verdes;
Em tom de conclusão, ao incentivar a conscientização do indivíduo para os fenómenos ambientais, promove-se um futuro onde as noções de tecnologia (passiva ou não) e Natureza, terão de trabalhar integradamente, assim como na adoção de princípios de design mais regenerativos e na colaboração laboral de paisagistas, urbanistas, agrónomos, engenheiros e empreiteiros. Cultivar-se-á assim, uma maneira de pensar globalmente, agindo localmente.
Beatriz Bandeira
Arquiteta
Estudos e Projetos